quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Colégio Victor Meirelles - Um Centenário de Conquistas

Em 1911 foi criado em Santa Catarina um novo tipo de escola,já existente no
estado de São Paulo : O Grupo Escolar cujo prédio dividido em sessão masculina e sessão feminina congregava diversas classes de alunos,cada qual com o seu professor responsável,sob a supervisão de um diretor.
Esse tipo de escola vinha substituir a tradicional escola primária onde não havia seriação de ensino e um mesmo professor, o "mestre único",ensinava todos os alunos.As vantagens inovadoras do Grupo Escola eram intensamente analisadas pelos educadores da época: divisão de trabalho,seriação do ensino,economia de instalações.

Foi sob a égide dessa modernização no governo do Cel. Vidal de Oliveira Ramos,que se inaugurou o Grupo Escolar Victor Meirelles,no dia 04 de Dezembro de 1913.
O mobiliário como para as demais escolas dessa natureza,veio dos EUA e de SP. Havia um pequeno gabinete de Física e de Química,um Museu e um piano para as aulas de canto.

Naquela década pregava-se a reforna do ensino,principalmente com o método intuitivo da escola modelo dirigida por Miss Marcia Browne.

Houve aí a era da lousa,do caderno de linguagem,de caligrafia,os quadriculados cadernos de matematica,cujos exercícios eram feitos à caneta molhada no tinteiro,sempre protegida pelo famoso mata-borrão.

Nas festas cívicas no pátio interno ataviadas de verde-amarelo e das bandeiras que se hasteavam sob a emoção dos uniformes azuis,ouviam-se estusiásticas declamações que interpretavam a sensibilidade de nossos escritores.

Mais tarde ao grupo escola fora anexado o curso complementar dois anos a mais depois do curso primário,onde se estudava alemão,francês,extensos pontos de história,geografia,ciências e desenhos artísticos.

Situado à Rua Hercílio Luz,centro da cidade,hoje abriga a Casa da Cultura Dide Brandão,inaugurada em 1982.



Transformado em Escola Básica em fevereiro de 1971,muitas mudanças ocorreram em sua administração,não constando em seus registros todos os diretores que assumiram a escola no decorrer de sua história. Sua estrutura física sofreu várias alterações,chegando aos dias de hoje localizada no mesmo espaço,somente um novo prédio,que devido a grande extensão territorial do terreno,fez com que a frente do prédio se localizasse na Rua Gil Stein Ferreira,inaugurada em setembro de 1981 pelo governo do estado,na época Dr. Jorge Konder Bornausen.



Abriga hoje em sua formação educacional um grande número de alunos de vários bairros da cidade,bem como cidades próximas do município.Conta com uma grande estrutura,tendo hoje laboratório de química adaptado às necessidades dos alunos,sala de computação com internet,novas mesas e cadeiras,sala de vídeo,slide show,entre outras coisas,que dão todo conforto a seus alunos.Essa característica ocorre devido a otima localização da escola,no centro com fácil e livre acesso aos transportes públicos ,bem como o fato de estar voltada ao ensino médio.

Excelentes serviços sócioeducacionais prestou este estabelecimento de ensino na formação de tantas gerações . Itajaí muito lhe deve,da lousa à seleta em prosa e versa,correspondeu aos propósitos da educação catarinense.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Depoimento de Uma Grande Diretora


Todas as vezes que me encontro na Casa da Cultura para participar de algum evento cultural, aquele ambiente me envolve com lembranças gratificantes do tempo do Grupo Escolar Victor Meirelles, quando, em 1953, fui removida para exercer meu segundo ano de magistério.

Parece que ainda ouço a voz rouca e estridente de D. Nilza, tentando falar com dificuldade quando a bronquite a impedia de conversar normalmente com seus alunos de 1ª série. Na outra sala, D. Lacínia, calma e sorridente, trabalhava com outra turma de 1ª série. Eram as duas professoras mais antigas da Escola, às vésperas da aposentadoria. Recentemente haviam se aposentado as professoras Erotides Fontes, sua irmã Virgínia Fontes, Erotides Amaral Jennée, Hilda Mello Faria e Olávia Linhares, todas lembradas pela competência profissional.

Por este motivo, aquela turma do Colégio São José, a primeira a se formar, teve facilidade em ingressar no Grupo Escolar mais importante da cidade. Entre as professoras recém-formadas estavam, além de mim, Maria da Glória Pereira, depois Oliveira, ao se casar com o professor Reynaldo; Yvone Garrozi, depois Silva, ao se casar com Hélio Bernardino Silva e Maria Bernardete Santos. Minha turma era a 3ª série B. Depois lecionei para a 2ª e a 4ª série. Quando iniciei meu exercício, era Diretor o professor Reynaldo Euzébio Gomes de Oliveira, dinâmico e entusiasmado, sempre estimulando, professores e alunos, a bem cumprir seus deveres. Em seguida, veio compor a equipe nova de professores, Orbélia Capella, que lecionou por muitos anos para a 2ª série.

“Seu” Lúcio, o servente, batia o sino para a entrada às aulas. Os alunos, formados em filas de dois, os menores na frente, tomando distância com o braço direito, entravam, acompanhados de seus professores e paravam na frente da sala, no varandão interno que rodeava o prédio, para cantarem uma canção escolar. “Estudantes do Brasil, tua missão é a maior missão...” ainda escuto a voz das crianças, alegres, começando suas atividades escolares. Maria Regina Müller encaminhava sua turma de 1ª série para a sala de aula. Dilma Rangel, Terezinha Capella, Loni Lygia Kobarg Cercal, cada uma cuidando de sua turma. No ano seguinte o Professor Reynaldo deixa a Direção para assumir o cargo de Inspetor Escolar e Loni toma seu lugar, ambos aprovados em concurso realizado naquele ano. Mais tarde Terezinha Capella foi designada Auxiliar de Direção e depois Dilma Rangel também ocupou a mesma função.

Celeste Souza, professora de Educação Física, depois Regente de classe e Victória Tarcilla da Índia Büchele Fernandes, depois Schaufert, quando se casou com Osni, haviam ingressado um pouco antes da minha turma, formada no Colégio São José.

Aos sábados havia a homenagem à Bandeira e cada semana uma classe fazia apresentação de poesias patrióticas. Ao hastear a Bandeira, todos cantavam o Hino Nacional e no final, o Hino à Bandeira. O patriotismo estava em alta e as crianças compartilhavam do entusiasmo das professoras.

Parece que foi ontem. Os alunos correndo no pátio, na hora do recreio, os meninos de um lado, as meninas do outro, as professoras entre eles, caminhando e cuidando para que nada lhes acontecesse.
Que bom que o tempo passa, mas as lembranças ficam.



Marlene Dalva da S. Rothbarth.

A Histórica História de Victor Meirelles


Antes de falar sobre o colégio,quem deu origem ao seu nome.
Vamos conhecer Victor Meirelles.

Em 1832, o Brasil vivia uma época conturbada, cheia de revoltas - contra os regentes, a favor deles, pela volta de Pedro 1o, e até por uma certa autonomia regional. Vítor Meirelles de Lima nasceu nesse ano. Seu primeiro mestre de desenho foi o engenheiro argentino Marciano Moreno. Aos 15 anos, foi para o Rio de Janeiro e se matriculou na Academia Imperial de Belas Artes onde cursou de pintura histórica.

Como ainda não havia ensino superior no país, a saída era fazer faculdade na Europa, para quem podia pagar ou conseguia uma bolsa. Foi o caso de Vítor, que conquistou uma bolsa e foi estudar pintura na Itália e na França, em 1853. Em Roma, assistiu às aulas dos pintores Tommaso Minardi (1787-1871) e Nicola Consoni (1814-1884).

Quatro anos mais tarde, ganhou uma extensão da bolsa e matriculou-se na Escola Superior de Belas Artes, em Paris. Nas aulas com o mestre Leon Cogniet (1794-1880) e com Andrea Gastaldi (1810-1889), entrou em contato com a pintura purista, de desenho e cores mais suaves que na escola neoclássica, então em voga.

Meirelles estudou as obras dos artistas da Escola Veneziana, Ticiano (1488-1576) e Veronese (1528-1588).

Consagrado como pintor histórico, seu quadro mais reproduzido nos livros escolares é "A Primeira Missa no Brasil", feito durante sua estadia na França e exposto no Salão de Paris de 1861. Retrata a primeira missa da maneira como foi descrita na carta de Pero Vaz de Caminha, e muitos intelectuais do século 19 o consideraram como a primeira grande obra de arte brasileira.

Nesse mesmo ano retornou ao Brasil e foi nomeado professor de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio. Exerceu o cargo até 1890 e formou uma geração de pintores importantes.

Duas de suas maiores telas, "Combate naval de Riachuelo" também conhecido como "Batalha de Riachuelo" e "Passagem do Humaitá" foram feitas nos anos seguintes.

Na Exposição Geral de Belas Artes, Vitor expôs a pintura "Batalha dos Guararapes" ao lado da "Batalha do Avaí", de Pedro Américo. A apresentação das duas obras, a primeira sobre a luta contra os holandeses e a segunda sobre a guerra do Paraguai, gerou uma grande polêmica, sobre quem seria o autor do melhor quadro.

Meirelles, cansado da pintura histórica, criou uma empresa especializada em pintar de panoramas, a partir de 1886: "Panorama Circular da Cidade do Rio de Janeiro" foi feito na Bélgica, em parceria com Henri Langerock (1830-1915) e "Entrada da Esquadra Legal no Porto do Rio de Janeiro em 1894". A Academia Imperial passou a ser Escola Nacional de Belas Artes, com a proclamação da República (1889), e os antigos professores, como Vítor, foram demitidos. Ele passou a ser marginalizado, visto como pintor da monarquia.